Enfarte x Infarto

Embora de uso corrente, sobretudo fora dos meios acadêmicos, enfarte não é o mesmo que infarto. Infarto vem do latim infarctus e não de fartar ou enfartar, como entendem alguns autores.

Quando o latim era a língua adotada em textos científicos, o termo infarctus designava uma consolidação de humores em uma parte do corpo. Foi somente após os trabalhos de Virchow sobre trombose e embolia (1856) que infarto passou a ser empregado para caracterizar a lesão necrótica do tecido causada por uma obstrução vascular. A trombose e o infarto podem ocorrer em qualquer órgão, porém, dada a importância da trombose coronariana, quando se diz simplesmente infarto subentende-se infarto do miocárdio.

O termo enfarte é de uso bem antigo em português, porém sempre com o sentido de aumento de volume, enchimento, repleção, tumefação. A pessoa pode ter enfarte do estômago, dos gânglios e até do testículo.

No passado usou-se enfarte do estômago como sinônimo de indigestão. A dificuldade no diagnóstico diferencial entre distúrbios gástricos e cardíacos, na era que antecedeu ao advento da eletrocardiografia, poderia, talvez, levar ao uso generalizado de enfarte para ambas as condições.

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