Desconto para professor internauta

Mais uma prova de que nossas autoridades querem tirar o rabo da seringa e não resolver os problemas do país.

Segundo esta notícia, o deputado Ney Lopes apresentou uma proposta que altera a lei atual do FUST, dando desconto de 15 reais na conta telefônica dos professores de nível médio para estimular o acesso à internet.

A seguir alguns trechos da justificação do sr. deputado para o projeto de lei:

Nesse contexto, o fato de que os responsáveis pela transmissão do conhecimento para os jovens, os professores do ensino médio, não podem, em geral, acessar livremente as informações, em particular a Internet, é um contracenso (sic). Conforme dados do Ministério da Educação, 16% de todos os professores do Brasil nunca puseram os pés num cinema, 31% nunca visitaram um museu e 49% não têm acesso à rede mundial de computadores, nem em casa e nem no trabalho.

A razão dessa estatística pode ser encontrada nos baixíssimos salários pagos à categoria. Dados apresentados pelo mesmo Ministério na “Estatística dos Professores no Brasil”, de outubro de 2003, indica que a média salarial dos professores de ensino fundamental é de R$ 600,00 e no ensino médio é de, aproximadamente, R$ 850,00, a valores de 2001.

Com essa remuneração é de se esperar que o acesso à Internet e a compra de computadores não esteja na prioridade orçamentária daquelas famílias que vivem dos salários oriundos da prática do magistério e, assim, o baixo acesso à Internet da categoria encontra a sua fundamentação em base puramente econômica.

Se a culpa de os professores do ensino médio não irem ao cinema, não frequentarem os museus e não acessarem a internet é de base econômica, por que não melhorar os salários, ué? Ele mesmo admite os baixos salários dos mestres.

Continua:

Para acesso às redes de informações nas escolas, as mesmas têm que contar com equipamentos em qualidade e quantidade compatíveis com a demanda dos professores e alunos, o que não é o caso da maioria das escolas públicas brasileiras.

Sim, mas para isso basta fazer investimentos, sem é claro esquecer do básico: professor, giz e livros didáticos. Sem isso fica complicado.

Tomando-se o total de professores de 350 mil, o custo anual desta iniciativa seria em torno de 63 milhões de reais.

(…)Fazendo-se uma projeção do fluxo de caixa do Fundo para os próximos anos incluindo o saldo atual (R$ 3 bilhões), a arrecadação anual (R$ 400 milhões) e a despesas com o desconto proposto (R$ 63 milhões), vê-se que a implantação deste desconto representaria em torno de 1% do saldo anualizado do fundo.

Aqui ele explica que a fonte para as despesas com o desconto é o FUST. Vão ser gastos com o desconto apenas R$ 63 milhões, anualmente.

Um professor de ensino médio ganha R$ 850,00. Se o salário de 350 mil professores for aumentado para 5 salários mínimos (R$ 1300,00), isso representará um gasto mensal de R$ 157,5 milhões. Está aí a real justificação do deputado: dá um desconto e não dá aumento de salário.

Pulando para a emocionante conclusão:

Assim, julgamos que a aprovação da presente matéria seria extremamente benéfica para o ensino brasileiro e contribuiria de maneira decisiva para o melhoramento da qualidade do ensino básico no país. O custo financeiro da iniciativa se encontra totalmente equacionado e, além disso, deve-se ter em mente que qualquer gasto em educação não é custo, é investimento com retorno certo e garantido.

Caraça!!! “Decisiva”??? Nada modesto, o nobre sr. deputado. Se gasto em educação é investimento, por que não investir em salários e condições dignas para os professores, em vez dessas migalhas?

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