Foi em 5 de maio de 1886 que o farmacêutico estadunidense John Pemberton, aos 54 anos, criou a fórmula da Coca-Cola baseada no Vin Mariani, fabricado na ilha francesa da Córsega, uma célebre bebida “fortificante” feita com folhas de coca maceradas em vinho.
Pemberton e seu contador, Frank Robinson, se associaram e criaram o logotipo da marca, patentearam o produto e o nome. Nascia assim a tão colecionada marca Coca-Cola, que foi impressa pela primeira vez em um fundo preto com letras vermelhas.
Em 1891, o Dr. Pemberton enfrenta dificuldades financeiras e vende sua famosa fórmula para um outro farmacêutico, Asa Candler, que adquire assim os direitos para criar a “The Coca-Cola Company”.
A substância de Pemberton enfrentou dois problemas nos primeiros anos: era muito cara, e a mistura de extrato de coca com noz de cola a deixava com um sabor amargo demais. O inventor continuou experimentando novos ingredientes e resolveu o problema do amargor, adicionando ácido cítrico (depois substituído pelo ácido fosfórico) e essências de frutas à fórmula original.
Sobre o preço, só conseguiu baratear a invenção depois que Frank Robinson concebeu a embalagem em garrafa de seis onças, que lhe dava a “escala” ideal para vender a bebida a preço mais baixo. Foi quando surgiu a Coca-Cola, que chegou ao Brasil em 1939.
E a fórmula?
A fórmula, ou melhor, uma parte dela, apareceu no livro “Por Deus, pela Pátria e pela Coca-Cola”, de Mark Pendergrast. Até agora, o que não se sabe é a quantidade exata dos ingredientes que entram na composição do tão falado “Merchandise 7X”.
Em um recipiente equivalente a 1 galão (3,785 litros) entram:
- Açúcar: 2400g
- Água suficiente para dissolver
- Caramelo: 37g
- Cafeína: 3,1g
- Ácido fosfórico: 11g
- Folha descocainizada de coca: 1,1g
- Noz de cola: 0,37g
Embeba as folhas de coca e nozes de cola em 22g de álcool a 20%, coe e acrescente líquido ao xarope.
- Suco de lima: 30g
- Glicerina: 19g
- Extrato de baunilha: 1,5g
Saborizante 7X:
- óleo de laranja: 0,47g
- óleo de limão: 0,88g
- noz-moscada: 0,07g
- óleo de cássia (canela chinesa): 0,20g
- óleo de coentro: traços
- Nerol (tirado de uma variedade de flores de laranjeira): traços
- óleo de lima: 0,27g
Misture em 4,9g de álcool a 95%, adicione 2,7g de água, deixe descansar por 24 horas a 60 graus F [15,6 graus C]. Uma camada turva se separará. Retire a parte clara do líquido e acrescente ao xarope.
Acrescente água suficiente para fazer 1 galão de xarope. Misture uma onça de xarope com água gaseificada para obter um copo de 6,5 onças.
Várias fontes alegam que o óleo de alfazema pode também fazer parte da fórmula. Embora essa fórmula possa aproximar-se muito da original, ela não confere com o depoimento feito sob juramento pelo Dr. Anton Amon, químico da Coca-Cola, em um caso judicial. Segundo ele, são necessários 13,2 g de ácido fosfórico para fazer um galão de xarope (não 11), e 1,86 g de extrato de baunilha, e não 1,5 g. Disse Anton que a companhia acrescenta 91,99 g de “um caramelo comercial de estabilidade forte”, ou muito mais do que 37 gramas. Não obstante, os ingredientes da fórmula são provavelmente exatos.
Asa Candler mudou a fórmula assim que a adquiriu, junto com os direitos sobre a Coca-Cola, para evitar os imitadores (pelo menos 10 pessoas conheciam a fórmula na época). Candler acrescentou glicerina como conservante, removeu a cocaína, reduziu a cafeína e substituiu o ácido cítrico pelo ácido fosfórico. Asa mudou também o componente saborizante, ao qual passou a referir como “7X”, embora a fórmula de Pemberton só tivesse 6 ingredientes. Provavelmente foi Asa que acrescentou o óleo de lima à base saborizante e retirou a maior parte do suco de lima (segundo análise química).
A começar com Asa Candler, ninguém na companhia se referia aos ingredientes pelo nome. Em vez disso, códigos:
- açúcar, Mercadoria #1
- caramelo, Mercadoria #2
- cafeína, Mercadoria #3
- ácido fosfórico, Mercadoria #4
- folha de coca e extrato de noz de cola, Mercadoria #5
- mistura saborizante 7X, Mercadoria #7
- baunilha, Mercadoria #8
Essa nomenclatura pegou, embora desde a era Candler os números 6 (suco de lima) e 9 (glicerina) tenham desaparecido, provavelmente absorvidos na 7X ou em algum outro ingrediente.
Segundo um artigo publicado no Wall Street Journal em 04/10/1996, Frank Robinson, bisneto do co-fundador da Coca-Cola, teria uma fórmula manuscrita da bebida. A empresa diz que essa fórmula é falsa, mas segundo o artigo, a receita é provavelmente autêntica e foi criada depois que Asa revisou a fórmula, mas antes da retirada da cocaína.
A Coca-Cola Co. mantém uma versão escrita da fórmula em um cofre do Trust Co. Bank em Atlanta. O cofre só pode ser aberto por resolução do board de diretores da empresa. Somente duas pessoas na companhia podem saber a fórmula ao mesmo tempo (as duas primeiras foram Asa Candler e Frank Robinson), e somente elas podem supervisionar a preparação da fórmula. A companhia não revela a identidade destas pessoas, que são proibidas de viajar juntas.
O componente Merchandise 7X é tão secreto que a Coca-Cola Co. não o revela mesmo com ordens judiciais. A empresa preferiu não comercializar o refrigerante na Índia devido à exigência do governo daquele país, que queria a fórmula completa. Mas em 1991 a Índia revisou as suas leis de patentes, o que permitiu o comércio da Coca-Cola no território indiano.
E tem muito mais:
- Apêndice do livro “Por Deus, pela Pátria e pela Coca-Cola” (editado em português em 1993 pela Ediouro; o livro desapareceu misteriosamente de livrarias e sebos do país)
- Fórmula da Pepsi-Cola, que é muito parecida com a da Coca-Cola
- Opencola, uma fórmula de cola Open Source. Os componentes são similares aos da Coca-Cola e da Pepsi. O detalhe insólito é a Opencola italiana, que é transparente!