Munique

Se Peter Jackson caminha para se tornar o novo Spielberg, o original fez um filme diferente dos que o consagraram.

“Munique” é baseado no livro “A hora da vingança”, que também inspirou uma minissérie exibida pela Globo nos distantes anos 80. Dessa minissérie lembro-me bem de três coisas. O protagonista Avner foi levado a uma reunião com Golda Meir, primeira-ministra de Israel, que fumava um atrás do outro. Com a era do politicamente correto, no novo filme, não aparece cigarro nenhum, é a irmã de Golda que morre de câncer, o que justifica sua ausência nos funerais dos atletas.

Na minissérie tinha um agente que foi piloto de testes da Ferrari! O roteiro o substituiu por um especialista em montar robozinhos de controle remoto que era responsável por criar as bombas, apesar de só saber… desarmar bombas.

E o grande erro do Mossad, a execução de um garçom marroquino na Noruega, confundido com um dos procurados, não aparece no filme.

De resto, “Munique” aborda de forma mais ou menos didática a questão israelense-palestina – notem o diálogo entre Avner (fingindo ser um “alemão da ETA” mas falando como judeu) e o palestino. No final, pouco antes de uma citação do terrorismo moderno, descobre-se que os palestinos procurados não são exatamente os responsáveis pelo massacre dos atletas em Munique. É mais um “olho por olho, dente por dente” – 11 atletas foram mortos, 11 palestinos pagarão.

Ainda gosto mais de “E.T.” ou “A Lista de Schindler”, cuja violência gráfica não é gratuita como a da nova obra de Spielberg.

PS. Neste artigo o Pedro Doria sugere uma leitura complementar sobre o Mossad e o caso Munique.

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