Um estado + Um estado = Fusão

Hoje são lembrados os 30 anos da fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, criando um só estado do Rio de Janeiro. E isso desperta polêmicas e paixões até hoje.

A cidade malavilhosa foi capital do país até 1960. Então a cidade virou um estado – Estado da Guanabara, com polícia própria, companhia de águas própria, uma universidade estadual (a UEG, que com a fusão passou a ser a UERJ) e um povo feliz.

Havia também o Estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói. Tinha algumas indústrias, base agrícola e petróleo, que na época ninguém sabia que estava lá. Era governado por pessoas como Tenório Cavalcanti (pai da Sandra Cavalcanti), Amaral Peixoto (sogro do Moreira Franco), Roberto Silveira (pai do Jorge Roberto) e outros luminares. Garotinho era apenas uma criança. Rosinha era apenas uma flor. Na Guanabara mandavam Carlos Lacerda, Negrão de Lima e Chagas Freitas, o criador do chaguismo. A oposição ao governo federal, à ditadura, era muito grande.

Para dissolver essa oposição, o presidente Geisel baixou o decreto da fusão. O novo estado passou a ter o Rio como capital, e Niterói passou a ser uma cidade como qualquer outra. Ou não.

Foram juntadas à força, sem qualquer consulta à população, duas regiões cultural e politicamente diferentes. Uma não é melhor ou pior do que a outra, apenas diferentes. Foi como misturar água e óleo.

Os defensores da fusão dizem que a cidade do Rio de Janeiro não sobreviveria sozinha, pois dependeria da “força do interior”. Do aço de Volta Redonda, do petróleo de Campos, da indústria química de Caxias e até da indústria de lingerie de Friburgo.

Não acredito muito não… segundo pesquisa do IBGE, se a fusão fosse desfeita hoje, a minha cidade seria o terceiro PIB do país, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. O mito de que o petróleo é importante se desfaz. O petróleo representa só 3% do PIB nacional, mas torna o velho Estado do Rio mais rico do que muito estado forte – Pernambuco, por exemplo. E quase toda a Região Norte.

Mas até quando? Daqui a uns 100 anos o petróleo de Campos vai acabar, com poços profundos e tudo. Falando nisso os últimos governos têm sido muito poluentes… investimentos em refinaria, indústria química e usinas termelétricas. Enquanto a vocação do Rio é para serviços, indústrias limpas, turismo. É para se pensar.

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