Fatos curiosos da TV brasileira

A televisão foi inventada em 1923, mas só começou a conquistar o grande público a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Sua estréia no Brasil ocorreu no dia 18 de setembro de 1950 quando a PRF canal 3 de São Paulo, a antiga Tupi, colocou no ar o programa TV na Taba. Quatro décadas depois, havia no país 36 milhões de televisores.

Cada dia mais sofisticada, a televisão já nos familiarizou com “milagres” da tecnologia, como a transmissão ao vivo da copa do mundo, por exemplo. Mas nem sempre foi assim. No começo, a TV brasileira foi marcada pela improvisação pois não havia videoteipe. Assim num programa de auditório dos anos 50, Hebe Camargo devia cantar sobre um palco giratório que imitava um enorme toca-discos. Um grupo de belas coristas acompanhava a cantora. Mas, temendo a ameaçadora “agulha”, as moças saltavam do palco a cada volta do “disco”. Diante da cena, Hebe não se conteve: rindo sem parar interrompeu o número.

[Fonte: Hebe Camargo em seu programa]

Certa vez a atriz Lolita Rodrigues estava fazendo um anúncio para o Mappin (ao vivo). Ela deveria anunciar os copos inquebráveis do Mappin, sobre um balcão ela tinha dois destes copos, ao jogar um copo no chão para demonstrar, não deu outra, o copo espatifou em mil pedaços. Em um rápido pensamento ela exclamou “Vocês acabaram de ver o que acontece com um copo que não é do Mappin!” Depois rezando para o outro copo não se quebrar ela o jogou e para seu alivio ele ficou intacto, ufa!!!

[Fonte: Lolita Rodrigues no programa do Jô Soares]

Mas nem sempre tudo acabava bem, em um anúncio da Coca-Cola, na TV Record, com uma famosa garota propaganda da época, ela deveria dar um gole na Coca Cola e exclamar “Que Refrescante!”, porém colocaram para ela beber uma Coca Cola quente, e ao vivo ela deu um gole, e em pleno close ela, arrotou. Imaginem só que vexame!

[Fonte: Randall Juliano no Especial Record 45 anos]

Em um grande desafio, a TV Tupi estava decidida a transmitir a inauguração de Brasília (1960) ao vivo para São Paulo, mas como fazer isso? Nesta época ainda não tínhamos satélite. Ora, se deu um “jeitinho brasileiro”: colocaram três aviões voando em círculos, distribuídos uniformemente entre Brasília e São Paulo, assim a imagem era captada em Brasília e transmitida para o primeiro avião, que retransmitia para o segundo, que retransmitia para o terceiro, que retransmitia para a TV Tupi, que a retransmitia para a Capital. Que sufoco!

[Fonte: Reportagem sobre os Pioneiros da TV no Vídeo Show]

Outro fato, porém mais recente, em 1993. O Jornal do SBT com Leila Cordeiro e Eliakin Araujo era pré-gravado e exibido no fim de noite. Porém havia sido feitas duas gravações, uma que não deu certo e a outra (a certa) que iria para o ar. Mas uma confusão nas fitas fez com que o SBT colocasse no ar a fita errada. O Jornal foi exibido com muitas falhas, um atravessava a fala do outro e chegou uma hora que Eliakin e Leila começaram a discutir e todo mundo vendo. Quando percebeu o erro, o SBT tirou o jornal do ar e um slide com o logotipo da emissora ficou por um minuto. Depois a fita certa foi colocada e o jornal prosseguiu. Na hora o jornal prosseguiu sem nenhum pedido de desculpas.

[Fonte: Rixa (Ricardo Xavier) em seu livro: Almanaque da TV]

Dias depois uma reportagem foi exibida no mesmo jornal do SBT explicando o que havia acontecido de forma meio cômica e Leila Cordeiro e Eliakin se desculparam. Essa não está no “Almanaque da TV”, eu mesmo vi.

[Fonte: Thiago M. Garcia, webmaster do site TV Memória]

Em 1962 o Santos decidia com o Milan, no Maracanã, a final do mundial interclubes. A solução que foi dada para o jogo ser transmitido ao vivo para São Paulo foi montar uma espécie de linha de transmissão entre Rio-SP pela via Dutra onde antenas trasmitiam o sinal daqui a SP. O detalhe é que essas antenas eram confeccionadas com aquelas telas de arame utilizadas para fechar galinheiros. O resultado, dizem, foi muito bom.

[Fonte: Maurício Peres, via e-mail]

Falcão Negro era um programa infantil de sucesso na TV Tupi na década de 50. O herói era interpretado por Gilberto Martinho (que depois fez sucesso em algumas novelas da TV Globo). Certa vez caiu o cenário durante uma briga e os atores ficaram alguns minutos parados, simulando uma luta, esperando chegar a hora do intervalo comercial.

Outros episódios são também clássicos daqueles tempos: Com medo de ser atingido para valer pela espada mortal do Falcão, após o tradicional “morre, miserável!”, um dos figurantes escapou do golpe antes que a arma o atingisse. Mesmo sem ser alvejado, no entanto, caiu “morto”. Martinho, vendo que a cena ia ficar sem sentido, não pensou duas vezes em alterar sua fala: “Quer dizer que, além de miserável, és cardíaco?”.

Em outro programa, Jece Valadão acertou um banco na cabeça de Gilberto Martinho, fazendo os telespectadores pensarem que o ator tinha morrido.

Certa vez, aproveitando-se de um descuido do herói, um sorrateiro arqueiro se aproxima e “dispara” uma flecha que por falta da necessária impulsão cai aos seus pés. Pressuroso, o contrarregra voa em direção a uma “muralha” e crava uma outra flecha, obedecendo ao roteiro de simular o erro do arqueiro. Tudo isso mostrado em detalhes que devem ter enlouquecido o diretor do programa.

[Fonte: www.seriesbrasileiras.hpg.com.br e Enciclopédia Herói]

Uma das coisas que passaram a fazer parte da história da TV brasileira, foi a insistente mosca que teimava em posar no nariz de Jesus crucificado (e já “morto”) no especial de Semana Santa da TV Tupi, e que justo na hora em que a câmera se aproximava em zoom, fechando no rosto do ator, resolveu “entrar” no nariz, obrigando “Jesus” morto a mexer o nariz e tirar a mão “pregada” na cruz, para espantar aquela atriz não convidada.

(Fonte: Elmo Francfort Ankerkrone, Sampa Online)

(postado originalmente em 18 de agosto de 2003)

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